terça-feira, 17 de maio de 2011

Um dia desses pelas ruas da cidade


Acontece toda vez que eu me permito viver intensamente sem pensar em conseqüências.
Na escola estávamos uma amiga, um amigo e eu conversando, mas de repente meu deu uma louca vontade de sair dali. Ali não era meu lugar. Então sai pela escola dizendo que não era meu lugar e acabei encontrando uma vontade maior de sair pelas ruas procurando o que o meu coração ansiava em encontrar.
Portando apenas determinação e vontade de viver, fomos minha amiga e eu à procura do nada, daquilo que eu não sabia o que era, mas ela me disse: “você vai saber quando encontrar.” Sábias palavras de uma louca que me seguia.
Encontramos. Um pedaço de paraíso urbano bem no centro de Campo Grande. Rua Antônio Maria Coelho bem de frente para a Avenida Calógeras.
A ponte ferroviária já desativada. Os coqueiros que nasceram em perspectiva. Os carros que em dado momento só descem, lá em cima tornam a subir, contrastando faróis vermelhos e brancos. As luzes da cidade acesas. O Sol que teima em viver, mas sangra ao dar sua vida à lua, pintando as nuvens com tons de vermelho e laranja. Penumbra.
Na correria do voltar pra casa ninguém percebe a linda paisagem. Foi preciso abandonar o primeiro tempo de aula para se aventurar à incessante procura do nada e perceber que é apenas tudo o que sempre temos a chance de observar, apenas não voltamos nossa atenção para isso. Perdemos muito tempo afirmando a monotonia da cidade e não compreendemos a bela vista que ela nos oferta todos os dias e que nós não nos permitimos apreciar.
Às vezes ainda acontece um romance urbano proibido em baixo da ponte. Presenciamos a troca de carícias entre um casal de homossexuais embaixo da ponte do trilho. Arriscada paixão. Aos olhos de muitos um pecado. Aos olhos deles, o amor, aos meus, o imprevisível.
               Conheci o lado obscuro que me envolve nessas noites por aí, em idas e vindas, e soube aproveitar cada ensinamento, experiência e convívio que a vida me deu e me cobrará em breve.
               Quem se esconde em seu aquecido, seguro e monótono lar jamais saberá o que realmente é a vida noturna que te cerca e que nunca saberás se proteger.
Era hora de voltar para a escola. Ninguém soube as reais coisas que procuramos e encontramos, vimos e aprendemos.
Não foi apenas um cenário belo e inquietante, foi o estimulo necessário à vida, ao reparar que nosso corpo pede um tempo para descansar e apreciar a vista que Deus nos permite ter em todos os instantes, até mesmo no mais simples chacoalhar das folhas das árvores, basta darem um tempo e olhar.
Esse é o despertar. Esse é o chamado que a vida me deu para vivenciar cada experiência, desde as mais simples para que ela me permita maiores.




Dedicado à Janayna *--* (a Louca que me seguia)

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